Suicídio: Informando para prevenir
 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que, para cada suicídio, podem ter ocorrido mais de 20 outras tentativas que não deram certo, além de muitas pessoas que consideraram fortemente a ideia de cometê-lo. O suicídio é hoje considerado um problema de saúde pública. A boa notícia é que, segundo a OMS, nove em cada dez casos poderiam ser prevenidos. Pensando nisso, e tendo como base a Cartilha de Saúde Mental da Advocacia, lançado pelo Conselho Pleno da OAB em 2018, a Comissão Especial do Direito Médico e da Saúde (CEDMS) da Subseção de Bagé organizou na noite de ontem, evento alusivo ao Setembro Amarelo, campanha brasileira de prevenção do suicídio, iniciada em 2014.

Conforme a Cartilha e a título de referência e comparação, de acordo com um estudo feito em 2016 pela American Bar Association -Commission on Lawyer Assistance Programs (Associação Nacional de Advogados nos Estados Unidos, através de sua comissão de Programas de Assistência aos Advogados), juntamente com a Hazelden Betty Ford Foundation, com um grupo amostral de mais de 13.000 profissionais de 19 diferente estados, os dados encontrados com relação à saúde mental na advocacia são assustadores. “O objetivo da nossa Comissão ao realizar o evento alusivo ao Setembro Amarelo foi de informar, alertar e demonstrar a importância de falar sobre esse tema ainda considerado um tabu, que é o suicídio. Alertar que a grande maioria dos casos de suicídios estão relacionados aos transtornos de ansiedade e a depressão. O público, heterogêneo, presente no evento demonstrou que há uma grande preocupação, não só em compreender melhor as origens dessas doenças, mas também na prevenção, diagnóstico e auxílio ao próximo”, relata a Vice-Presidente da Ordem local e Coordenadora da CEDMS/Bagé, Dra. Márcia Rochinhas.

Os palestrantes da noite, Dr. Paulo Henrique Gabiatti Donadel, Médico Psiquiatra, também membro associado efetivo da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e a Terapeuta Energética da OM SPA, Fernanda Leite, abordaram o tema de diferentes perspectivas: por um lado, Donadel trouxe aos presentes o tema pelo ponto de vista de um especialista em doenças mentais; por outro, Fernanda apresentou técnicas alternativas de melhor lidar com os acontecimentos. Conforme conta a terapeuta “Ainda tem muita gente que não conhece ou não tem acesso a essas terapias e elas realmente são complementares, junto com a medicação e acompanhamento médico, mas elas complementam no sentido de cuidar da energia. Quando a energia está em desequilíbrio é que as doenças vão aparecendo no nosso corpo físico. Uma terapia não exclui a outra, mas deve haver um equilíbrio”, diz. Ao final de sua fala, a terapeuta propôs uma meditação aos presentes, baseada na técnica ThetaHealing, “um reencontro com sua essência”. A prática é difundida em mais de 40 países e utilizada por mais de 500 mil pessoas. Só no Brasil, mais de cinco mil pessoas já transformaram suas vidas através do ThetaHealing.

Dados do Ministério da Saúde afirmam que um milhão de pessoas se suicidam por ano, sendo uma morte a cada 40 segundos. “Enquanto eu falava isso pra vocês, 15 pessoas cometeram suicídio”, pontua o Psiquiatra Paulo Donadel. O diálogo é considerado o primeiro passo para interromper o ciclo de autodestruição. O suicídio precisa ser debatido. No silêncio, ele cresce.

A Associação em Defesa da Saúde Mental Integral (ADESMI) aponta que ninguém quer morrer. Se vem à cabeça esse tipo de pensamento, é um sintoma, e não um desejo. Nesse sentido, Donadel reitera a importância de atentar aos sinais como falta de sono ou sono excessivo, falta de apetite, agressividade, moléstia. O corpo dá sinais o tempo todo.


“Tirem férias!”

Essa é uma das principais recomendações do Psiquiatra aos seus pacientes e não só a eles. Pelo 13º ano consecutivo, o período de férias para advocacia na Justiça Estadual foi garantido pela OAB/RS, mas alguns Advogados e algumas Advogadas optam por não aderirem ao descanso. Sobre isso, Paulo é enfático. “É importante saber desligar um pouco, cuidar de si e não só trabalhar ou se preocupar com coisas que sejam pontuais. Eu acredito que as férias, inclusive, deveriam ser obrigatórias. Talvez, não necessariamente os 30 dias corridos, mas eu acho muito importante o descanso e a valorização de aspectos não só laborativos”, afirma.


“Saiba o momento de parar”

Até que ponto saber que é o limite? Como convencer a mente que é hora de recuar e procurar ajuda? O palestrante da noite deu algumas dicas. “Não é normal. Forçar não é saudável. Atentar ao que os outros estão percebendo de ti e as tuas relações sociais, familiares. Quando tu começa a te perceber diferente, alterações de humor, mudanças de atitudes, podem ser dois pontos que comprovam que ali tem trabalho em excesso”, declara.

A Associação Brasileira de Psiquiatria estima que 17% dos brasileiros já pensaram em suicídio. No entanto, entre pensar e planejar há uma diferença. Nem todos os que pensam em tirar a própria vida vão de fato levar a ideia adiante, todavia, é preciso estar atento aos pedidos de socorro, muitas vezes camuflados em “não estou disposto”, “me canso apenas de pensar em banho”, “hoje estou com vontade de ficar o dia inteiro deitada”, dentre outros.

Suicídio não é contagioso. O grande vilão que precisa ser atacado é o sofrimento. É esse sentimento de dor e ausência de motivação em viver que provoca as pessoas a pensarem em se matar. A verdadeira vontade é acabar com a agonia, o aperto no peito, a dor ao respirar. O suicídio é o pior estágio do desespero humano.


Centro de Valorização da Vida

O apoio pode ser encontrado em um telefonema ou em grupos de sobreviventes que se reúnem uma vez por mês. No CVV (Centro de Valorização da Vida), milhares de voluntários são treinados para acolher tanto os enlutados quanto aqueles que tentaram o suicídio.

A entidade, sem fins lucrativos, foi fundada há 57 anos e tem representação em 19 estados e no Distrito Federal. O telefone 188 (gratuito para todo o país) é o principal canal de atendimento.

Milhares de voluntários que integram o CVV trabalham diariamente, mas também é possível entrar em contato pelo chat no site, onde há uma lista de endereços físicos das unidades.


Texto e fotos: Letícia Franck





   
 



 
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